LVIII - Interrupção



Num ápice da existência

Num momento de clareza, além da luz

Num segundo de pseudo demência

Onde todos os pedidos de clemência


Todo o universo existe neste segundo

Todos os tempos existem neste ponto

O nada e o tudo se misturam

Sendo o único ponto


A luz turva e ditorcida

Se tornando cinza até a escuridão

Uma sensação de vazio

Uma sensação do nada


O gosto doce na boca

Os sons ensurdecendo a mente

O corpo suspenso e letárgico

Início da inércia


Tentando fugir para fora

Tentando escapar para um vazio

Um vazio onde é preenchido pela sua essência

Num vazio onde o ideal existe

Não há luz

Não há escuridão

Não existência


Livre de viver

Livre de sofrer

Livre da morte

Livre de toda a sorte.


Num instante final

Onde se deseja a volta

Não se pode voltar

Não se pode retornar


Inicia-se a viagem

Uma viagem sem retorno

Uma jornada para o novo

Uma nova forma


Uma dor maior do que o próprio ser

A busca do alívio, fuga de prazer


Sofrimento fino e intenso

Sem fim e sem nenhum senso


Por mais que eu olhe

Não há saída

Por mais que eu ouça

Não há fim

Por mais que eu sinta

Não há término

Desistir do existir


Somente uma caminho

Somente uma jornada

Somente um destino

Finalizando a dor,

Finalizando o que for.


Inicio do alívio

Início de outra visão

Início de outro lugar

Início de outro universo

Início do fim.


LowCypher Augur

2014-11-23 17:00h.